sexta-feira, 31 de julho de 2015

Olha lá, ele não é feliz!

Como se nada fizesse sentido, viu o pôr do sol amarelado, lembrou-se de algo? Não sabe. Era um mundo azul, cheio de faces, um mundo vazio que não preenchia, não encontrou paz, não encontrou vida. Era um mundo pequeno, onde as pessoas não se conheciam, um mundo onde tudo era distante. Há tempos não sabia o que era sentir, tudo o que sabia era que existia e estava ali. Lembrava-se de um calor, mas agora não o tinha mais, não conseguiu entender, ascendeu uma fogueira, queimou, mas não aqueceu, o frio que sentia vinha de dentro e aos poucos tirava-lhe o fôlego de vida que ainda restava. Perdeu-se em meio a tudo, vagou em busca de si mesma, afundou  sozinha naquele mar que a sufocava, não encontrou o ar que lhe faltava, não teve ajuda como esperava, somente afundou, devagar, sem lutar, sem tentar, afogou-se sozinha num mar salgado que havia criado. Cansada, fechou os olhos e flutuou, sorriu, enfim estava livre do fardo que carregava, agora, no fundo daquele mar, sem ar, sem vida, era feliz, sentiu novamente o calor que há muito procurava, e que só agora encontrava. Não aconselho que julgues a sua dor, pois quem não sentiu, não saberá porque existiu, não queira dar sentido à coisas que não se explicam. A dor que sentia foi maior que a vida, não suportou ser quem era, não reconheceu seu reflexo,  não quis estar ali, não tentou sair, mas como explicar?  Justificar? Julgar? Não pode, não dá. Somente quem sentiu saberá que existiu, somente quando fechar os olhos e flutuar em seu próprio mar saberá explicar.
 
                                                                                 Dayana Couto
 
 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Luz no fim do túnel, beco sem saída!

Talvez a vida não esteja lhe dando muitas oportunidades, ou talvez você não tenha percebido, o fato é que muitos dias têm chovido, e você têm se escondido embaixo de cobertas quentes. Alguns dias o céu está tão cinza que não dá pra ver o sol, então você volta e se esconde. Às vezes, mesmo que muito rapidamente, o sol aparece, então você sai e respira todo ar que pode guardar em seus pulmões, e o segura como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, e é. À noite você sai só para olhar as estrelas e a lua, imagina nelas um refúgio e foge. Enquanto toda aquela chuva cai, você observa cheio de vontade, quer pular e  brincar com toda aquela água, mas não pode, então volta para seu quarto, para as quatro paredes convencionais que lhe dão um certo conforto, mas lhe tirão o brilho nos olhos. Às vezes dorme, outras pensa. Pensa como seria poder brincar na chuva.
 
 
                                                                   Dayana Couto
 
 

domingo, 28 de junho de 2015

Saudade, o meu remédio é cantar!

Pra falar a verdade, eu sinto falta do cheiro da terra molhada. Eu sinto falta de cada risada, das pedras, das noites cheias de lua e das histórias que me tiravam o sono. As coisas mais simples sempre me fizeram feliz, lembro dos colchões improvisados feitos dos galhos das árvores, era sempre um sono bom, tranquilo. Um corpo envelhecido, marcado pelo tempo, mas o coração não, o coração era jovem, cheio de vida. São muitas piadas pra sentir saudade, são muitos banhos de mangueira, são muitas tardes pra lembrar. Todas as vezes que eu pisar descalça naquele chão, vou lembrar, sempre que eu olhar pra toda aquela água, eu vou lembrar. Vou lembrar daqueles cabelos brancos, despenteados, cobertos com um boné velho, e que vez em quando matava a saudade tocando uma sanfona imaginária.
 
 
                                                                                   Dayana Couto



terça-feira, 23 de junho de 2015

São João

Pode cair um mundo de água, mas a fogueira continuará acesa. Pode o céu desabar de chuva, ainda restará uma chama, mesmo que a cidade inteira transborde, ainda sim haverá calor. Quando um novo dia surgir e o sol voltar a iluminar cada canto desse mundo, quando o vento soprar e remexer as cinzas, ali no fundo existirá uma brasa quase apagada, mas ainda queimando, ela renascerá, vai arder novamente como antes e contagiar as brasas ao seu redor, alguém vai soprar, mexer aqui e acolá, acrescentar madeira, e pronto, está feita novamente a fogueira, voltou a arder a chama que antes havia esfriado. 
 
                                                                               Dayana Couto