quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Um Caso ao Acaso

 O amor que eu tinha por você nem era tão grande, era real, mas passageiro, ou pelo menos eu achava que fosse. Senti dentro de mim algo nascer e me invadir, e invadiu sem pedir licença, adentrou em meu coração e trouxe o caos, daquele momento em diante eu não tive paz. No momento em que você entrou por aquela porta, foi ali que tudo começou, foi no instante em que meus olhos avistaram os seus.
Não, isso não é uma história de amor, ou talvez seja, bem, seja como for, é uma história apenas, não é conto de fadas, mas também não é real, pelo menos não pra mim.
 Era um dia lindo. Um dia de verão, uma brisa suave que combinava com o sol majestoso no céu, não havia nada de diferente, eu estava em casa, zapeando os canais da TV. Alguém bateu a porta, abri, era um moço jovem, forte, moreno e alto, usava uma calça jeans, uma camiseta branca, e uma jaqueta preta, trazia uma pizza na mão.
-Foi daqui que pediram uma pizza? Calabresa? – Disse o rapaz.
Eu perdi o fôlego por alguns segundos, mas logo me recompus.
-Sim, só um instante.
 Entrei, fui até a mesa da cozinha, peguei o dinheiro e retornei a sala onde o entregador me esperava com a pizza, como já era de se esperar, meus olhos me traíram e me peguei observando o rapaz.
-Obrigada! – respondi, paguei, e o rapaz foi embora com um sorriso que circulou em meus sonhos a noite toda.
Sentei no meu sofá e assisti a um filme- (que não me recordo o nome) estranhamente, o sorriso do entregador não saiu da minha cabeça.
Bem, eu tinha coisas a fazer, então, tratei de me concentrar em algo que não fosse o entregador de pizzas. As novas mensagens na minha caixa de entrada se encarregaram disso. Alguns emails importantes, outros nem tanto. Terminei de escrever no meu blog- Ah, é, eu me esqueci de mencionar que tenho um blog, não é muito interessante, mas tem alguns seguidores- então fui dormir, meu dia começaria cedo e tinha tanta coisa pra fazer; que me custaria saber por onde começar.
Amanheceu, e como sempre, tomei meu banho, comi algo, escovei os dentes e sai. Eu estava atrasada, pra falar a verdade, bem atrasada, mas isso era quase rotina. Peguei o carro e sai, confesso que corri um pouco mais do que de costume, felizmente, cheguei inteira no trabalho.
Então, não foi um dia muito interessante, as muitas coisas que tinha para fazer eram as de sempre, e me tomaram todo o dia. Enfim, as 18h30minh eu larguei, era sexta e eu não tinha companhia (o que não é novidade), passei no mercado, comprei algumas porcarias para comer, peguei um vinho também, a noite seria longa.
Cheguei a minha casa e a primeira coisa que fiz foi retirar meus sapatos e jogá-los em qualquer lugar, sim, esses sapatos me incomodam muito. Fui até meu quarto, liguei o som, estava tocando uma música melancólica da qual eu não lembro muito bem, mas enfim, tomei meu banho e vesti aquela velha calça do moletom, uma camiseta branca feia e confortável, e por fim as meias, quentes, que se encarregariam de aquecer meus pés.
Fui até a cozinha, pensei em cozinhar algo, mas eu estava realmente cansada, então, lembrei-me de certo moreno, alto, com um sorriso lindo, é claro que eu pedi pizza.
Estava à espera da pizza, quando tocaram a companhia, e só nesse momento eu me dei conta de que estava vestindo o meu moletom velho e aquela camiseta horrível, vocês não sabem o quanto uma mulher pode ser rápida ao trocar de roupa.
Subi para o quarto, vesti qualquer outra roupa que fosse menos horrível do que a que estava vestindo e voltei para atender a porta.
-Olá, boa noite- Disse ele com a pizza na mão, sim, era o mesmo moreno lindo que estava na minha frente.
-Boa noite, obrigada!- Paguei a pizza enquanto o observava indiscretamente.
-Tenha uma boa noite, senhora!- E com essas palavras, ele foi embora.
Ok, é meio estranho se apaixonar pelo sorriso do entregador de pizzas, mas nada precisa fazer sentido. Mas admito que essa situação já estava ficando bizarra, eu não sabia sequer o seu nome, no entanto, inevitavelmente, eu pedi pizza na noite seguinte.
Então era sábado, e eu não tinha planos, resolvi sair de casa, dar uma volta, fazer qualquer coisa, menos ficar em casa. Fui até a praia, andei um pouco, tomei uma água de coco e voltei para o meu carro, ainda não queria ir para casa, mas também já não queria ficar na praia, Então, segui sem destino, avistei um barzinho, não costumava beber, mas talvez, houvesse algo interessante ali. Entrei, pedi algo para comer e um refrigerante. Não passei muito tempo ali, entrei no meu carro e voltei para casa, estava um pouco entediada, resolvi escrever no meu blog, quando percebi, já era noite, estava com fome e resolvi cozinhar alguma coisa, dessa vez eu não estava tão cansada, cozinhei macarrão, minha especialidade.
Eu até pensei em comer o macarrão, mas meu subconsciente repetia a mesma palavra há horas: Pizza!
Não demorou muito para que alguém batesse a porta trazendo nas mãos uma pizza e nos lábios um lindo sorriso. Abri a porta, e ele estava mais bonito que das outras vezes. Oh meu Deus, eu quase não pude disfarçar o meu olhar cobiçador. Tentei ser natural, acho que não deu muito certo.
-Olá!- Disse eu enquanto lhe entregava o dinheiro e sorria sem conseguir disfarçar.
-Boa noite, aqui está sua pizza!- Nesse momento meus olhos já me traiam enquanto devoravam aqueles lábios em pensamento.
- Obrigada! – paguei, e ele já estava indo embora quando eu resolvi lhe perguntar o seu nome- Qual o seu nome? - falei com um sorriso cheio de vergonha.
-Kaike- Ele respondeu surpreso, e meio assustado, eu acho, mas logo me devolveu a pergunta- E o seu é? – disse ele com aquele sorriso lindo novamente.
-Elisa. Pode me chamar de Lisa, eu prefiro- Respondi com um sorriso largo no rosto, e resolvi lhe fazer mais perguntas- Já é bem tarde, ainda tem muitas entregas pra fazer?
-Não, na verdade, essa é minha ultima entrega.
-Ah, não quer comer essa pizza comigo? Não terei com quem dividi-la mesmo- Disse isso com um olhar um tanto cobiçador, e mordi os lábios sem perceber, quando me dei conta do qanto insinuativa eu estava sendo, fiquei envergonhada, mas esperei pela resposta ansiosa mesmo assim.
-É, pode ser uma boa ideia. Você tem certeza de que quer dividir a pizza comigo?- Sua pergunta me fez imaginar algumas coisas que prefiro não comentar aqui, então, me detive apenas a responder a pergunta.
-Claro, detesto comer sozinha!- Acho que não consegui disfarçar o meu nervosismo.
Entramos em casa, falei pra que sentasse e ficasse a vontade, fui até a cozinha e busquei uma garrafa de vinho- Gosta de vinho?- Perguntei.
-Ah, claro, muito!- ele respondeu.
Então trouxe duas taças, e sentamos no chão da sala, por um instante nossos olhares se cruzaram e foi o bastante pra me deixar atrapalhada.
-Então, você sempre pede pizza não é?- Ele perguntou com um pequeno riso no canto da boca, foi um sorriso meio irônico, acredito.
-Ah, pelo menos nas ultimas semanas!- Respondi meio sem graça e intimidada por seu olhar intenso.
-Hum, interessante!- Ok, nesse momento a atmosfera mudou completamente dentro daquela sala, meu coração acelerou, minhas pernas tremiam e agradeci por estar sentada, tomei um longo gole de vinho, e ele fez o mesmo.
Levantei-me para trocar a musica que estava tocando, e quando me sentei novamente, percebi o quanto estávamos próximos, eu podia sentir o calor do seu lindo corpo, e isso me deixou nervosa. Ele se aproximou, e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha-Ok eu não estava preparada para isso- aquele deus grego, moreno, alto, dono do sorriso mais perfeito que eu conheço, agora estava tentadoramente perto demais, e quando me dei conta, nossos lábios já estavam repousando um sobre o outro. Um beijo quente, macio, ardente.
Oh, não consigo descrever com palavras o que senti naquele momento, ele era lindo, e estava ali, tão perto, tão intimo, e eu simplesmente me encaixei em seus braços e me permiti sentir. Quando o beijo acabou, estávamos próximos demais, e eu apenas podia ver o seu rosto e sentir sua respiração.
-Você é linda!- Ele disse isso enquanto me plantava um longo beijo na nuca.
Não é difícil imaginar os arrepios que percorriam o meu corpo nesse momento, mas não entrarei em maiores detalhes.  Quando me dei conta, estava perdida no corpo daquele homem que eu apenas sabia o nome e nada mais.
De repente, uma luz muito forte invade o meu quarto, isto me incomoda, abro os olhos com dificuldade devido a claridade, me viro na intenção de fitar o meu lindo deus grego dormindo e para minha surpresa, não havia ninguém na cama, além de mim.
Levantei meio atônica, andei pela casa, fui até a cozinha, não havia pizza, não havia vinho, e nem havia moreno alto nenhum, a tristeza pairou sobre mim nesse instante.
-Dormiu bem?- Tomei um susto ao ouvir isso, e quando virei, avistei minha amiga Isabelly na sala.
-O que você está fazendo aqui?- Cuspi essa pergunta assim, sem ao menos dizer bom dia.
- Ok senhorita, acho que você bebeu vinho demais ontem a noite, você me ligou chorando, desesperada, dizendo que o entregador de pizzas tinha ido embora, eu não entendi nada, então resolvi vir até aqui ver o que estava acontecendo, você não estava muito bem, na verdade, você estava bêbada, te dei um banho, e você dormiu, como já era tarde, fiquei por aqui mesmo, caso você surtasse novamente
-Então, eu bebi demais, liguei pra você chorando e falando besteira e você veio até aqui e cuidou de mim? Foi isso que aconteceu? Tem certeza?
-Claro que tenho, mas estou curiosa pra saber quem é o entregador de pizzas, você não parava de falar nele- Enquanto ela despejava essas palavras sobre meus ouvidos, fui me dando conta do que havia acontecido, isso mesmo, eu estava tão obsecada pelo tal entregador, que devo ter sonhado com ele, foi impossível não ficar triste.
- Oh, não é ninguém, eu devia estar sonhando- Disse isso afim de que ela esquecesse o assunto.
- Se você está dizendo que não é ninguém, eu posso fingir que acredito. Então, eu tenho que ir, tenho algumas coisas para fazer, se precisar é só ligar, beijos e vê se não chega perto de nenhum vinho, por favor.
Não é possível que eu tenha sonhado com tudo aquilo, mas que droga. Resolvi tomar um banho, ainda meio confusa, liguei o som sem prestar atenção na música que tocava. Vesti um velho short jeans e uma camiseta, fui até a sala, liguei a TV e sentei no sofá, reparei que havia um papel em cima da mesinha da sala, peguei-o, e nele estava escrito:
-Você é bem divertida senhorita Lisa, amei ter dividido aquela pizza com você, o vinho estava muito bom também. Acho que você bebeu alguns copos a mais, estava um pouco tonta e acabou adormecendo, levei você pro quarto, arrumei a bagunça que fizemos na sala e depois fui embora. Beijos, Kaike (o entregador de pizzas).

                                                                                                                           -Dayana Couto





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