Eu peguei um papel qualquer aquela noite. Sentei-me ao pé da
cama, e pus-me a escrever, tentei não falar sobre você, mas não havia outra
coisa em meus pensamentos. Lembro-me que, naquela noite, fazia frio, estava
escuro demais, pois não havia lua no céu, e eu estava só. Lembro-me também, que
me faltava sono, havia tanta solidão, que sentia falta de mim.
Adormeci sobre meus escritos naquela noite, acordei envolta
neles. Já era manhã, mas ainda estava frio, o sol brilhava mesmo assim. Apenas
lavei meu rosto e vesti um casaco antes de ir até o jardim, eu queria estar
ali, em meio às flores e aos pássaros que cantavam docemente naquela manhã, estranhamente,
a solidão da noite passada já não era tão grande. Entrei em casa, tomei meu
café da manhã enquanto, no rádio, tocava alguma música calma, que eu não me
recordo agora. Voltei para o meu quarto, a solidão era menor, mas ainda
existia, pus-me a escrever, novamente, sobre você, mas parei de repente,
pensei: Ele não vai ler! Logo continuei, era mais forte que eu, embora eu
quisesse te odiar, meu coração insistia em te amar. Escrevi muitas palavras
naquela manhã, algumas eram de ódio, outra de amor, muitas de paixão, e algumas
de saudade, e continuava a pensar: Ele não vai ler! Mas eu escrevia sem parar,
e foi assim o dia todo. A noite que começava, agora trazia a lua, tão linda, e
tão saudosa. Lembro-me do vinho, da música, das flores, das árvores, lembro-me
dos ruídos, lembro-me também, de ter visto o sol nascer enquanto escrevia sobre
você, e quando o sol chegou, meus olhos pesavam de sono e lágrimas. Adormeci.
Quando acordei, ainda atônita, reparei no calendário, dei-me conta de que já
haviam se passado quatro dias desde que comecei a escrever, lavei meu rosto e
então dei uma olhada em todos os meus escritos, era coisa demais, e a única
coisa que eu pensava era: Ele não vai ler!
A semana de folga havia acabado, voltei ao trabalho, voltei
a minha rotina, e todos os dias eu olhava pra tudo o que tinha escrito naqueles
quatro dias, eu queria que alguém pudesse ler aquilo, mesmo que não fosse você,
enfim. Agora você já sabe que alguém leu.
Por favor, não me
mande resposta, eu prefiro que continues fora da minha vida, apenas lhe envie o
livro, por que achei que deverias estar ciente de que foi minha inspiração,
mas, não se preocupe, o próximo livro será sobre alguém mais atual em minha
vida.
Ps: “Só pra você saber, eu esqueci você" (8’
-Dayana Couto
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