segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Um Sorriso

Todas as manhãs eu acordo atrasada, tomo meu banho, como alguma coisa, e saio. Vou sempre pelo mesmo caminho, sempre no mesmo horário, e ao dobrar a esquina, encontro sempre a mesma senhora sentada na calçada, com sua cadela ao lado, usando sempre o mesmo vestido azul, com os cabelos molhados, dando a impressão de que acabaram de ser lavados, todas as manhãs ela está lá, mas eu nunca a vi sorrir. Sua expressão facial é sempre imparcial, tem sempre a cara de quem acordou a pouco tempo. Certo dia sai decidida a dar-lhe um sorriso, ou um bom dia quem sabe, então eu fui, e quando dobrei a esquina, ela estava lá, me preparei então para dar-lhe um sorriso, e dei, mas recebi apenas um olhar estranho em troca, isso não me frustrou, nem me deixou chateada, na verdade, foi engraçado. Eu não tinha desistido ainda, no dia seguinte, eu tentaria lhe dar um bom dia, e assim eu fiz, mas, não houve resposta para o meu cumprimento, continuei o meu caminho de todos os dias. No dia seguinte, pensei: Não é possível que eu não consiga lhe arrancar nem um sorriso! Sai Novamente decidida, dobrei aquela esquina pela milésima vez, olhei bom nos olhos da senhora e disse: Bom dia! Ela me olhou, e continuando calada, fez somente um gesto com a cabeça, bem, isso já me deixou feliz ao menos, ela havia mexido a cabeça. Passei o dia inteiro com um sorriso maroto no rosto, eu estava me sentindo feito uma criança naquele momento.  O sol nasceu como nasce todas as manhãs, logo eu já estava dobrando aquela esquina novamente, e fitando a senhora misteriosa que se negava a me dar um sorriso, dessa vez eu lhe dei o meu melhor sorriso, e ela apenas fez um gesto com a cabeça. Tá legal, aquilo já estava me irritando, qual a dificuldade de retribuir um sorriso? Resolvi que na manhã seguinte eu não lhe cumprimentaria, e assim eu fiz, passei pela rua e fingi não ter visto a senhora, mas, após caminhar um pouco, não resisti, tive que olhar para trás, para minha surpresa, a senhora me olhava com olhos curiosos e desconcertados, os olhares se cruzaram, e ela rapidamente tratou de endurecer sua expressão novamente. Aquela cena foi engraçada, me fez rir. E lá vem ele de novo, trazendo a luz do dia, clareando os nossos caminhos e nos dando seu calor, sim, o sol já brilhava majestoso no céu. Dobrei a esquina, e lá estava ela, sentada, com seu vestido azul, seu cabelo molhado e sua cadela fiel, passei bem devagar por aquela intrigante senhora, olhei em seus olhos e disse-lhe mais uma vez: Bom dia! E para minha surpresa, ela me olhou de volta, deu-me um largo sorriso e respondeu: Bom dia!

                                                              -Dayana Couto


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Fim de Tarde

Estava escuro, mas ainda era cedo,
Sentia frio, mas não encontrou aconchego,
Acordou então, procurou, tudo que encontrou foi chão,
Caminhou, e tudo que via era estrada, eram pés cansados da caminhada,
Não tinha um começo, tampouco saberia onde era o fim,
Mas o caminho era longo.
Tinham pessoas, tinha música, tinha uma brisa também,
Que logo se transformou em vento forte e lhe bagunçou os cabelos,
Tinha uma coisa redonda e brilhante no céu, cujo nome achou que era lua,
Tinham lágrimas, tão salgadas quanto à água que seus pés vinham molhar,
Tinha um cheiro bom, parecia liberdade, talvez não fosse, mas não importa,
Tinha um vai e vem, feito a onda do mar, quando pensou ter acabado,
Aquilo tudo quis voltar,
Tinham palavras pequenas, escritas numa tela,
Pequenos sorrisos derivavam delas,
Tinha alguém esperando outro alguém passar:
“Acredita na sorte ou no azar? Pois então, boa sorte você terá.”
Com um sorriso no rosto e uma pulseira no braço, foi embora sem desfazer o laço,
Sentou-se então e pôs-se a falar,
Falou tão baixinho que só as estrelas puderam lhe escutar,
Sorriu para alguém, fez careta também,
E quando percebeu, estava mais perto de Deus.

                                                             -Dayana Couto


sábado, 2 de novembro de 2013

Um barquinho solitário

Eu precisava estar ali, e o pior de tudo é que eu sabia disso. Mas eu não estava, e não me refiro ao meu corpo, pois ele estava lá, e sim à minha mente, por que esta voava longe da realidade. Eu estava em um barco, no meio de um rio, sozinha, eu tinha um remo e um livro, os pássaros cantavam, haviam alguns peixes, o dia estava lindo, uma vento suave me bagunçava os cabelos, eu deitei no pequeno barco, me pus a observar as nuvens, elas dançavam no céu, pareciam zombar da minha solidão, pude ouvir alguns risos, talvez estivessem rindo de mim, independente disso, eram sorrisos gostosos de se ouvir.
 Eu permaneci observando as nuvens por alguns minutos, então, dei-me conta de que o sol começava a despedir-se, logo amarrei meu barco ali perto, e sentei-me na grama verde, estava pronta para recepcionar a lua, e ela veio. Majestosa, como sempre, pairou sobre o céu negro, e num instante, fez desaparecer toda escuridão daquela noite. Fiz da grama travesseiro e deitei-me para contemplar aquele céu iluminado por uma luz dourada que parecia não ter fim, e foi assim a noite toda, enquanto a lua brilhou no céu, meus olhos refletiram sua luz.
Agora o céu começava a clarear, o sol já estava chegando, sentei-me a beira do rio, perto de uma árvore, molhei meu rosto, segurei meu livro e esperei o sol chegar. Sim ele chegou como chega todas as manhãs, saudoso, cheio de brilho, sua luz refletia na água, era algo bonito de ver. Estava deitada novamente sobre a grama, observado os pássaros, eles cantavam docemente naquela manhã, mas algo fugia da harmonia do momento, uma voz rouca, forte, chamava por mim, tomei um susto, balancei a cabeça, esfreguei os olhos, e então percebi, a voz era do meu professor, que ha algum tempo chamava por mim, dei-me conta então, de que tudo havia acontecido, era real, mas, somente em meu mundinho. Voltei ao mundo comum, mas pensei o dia inteiro em quando iria voltar pro meu mundo particular.

                                                            -Dayana Couto



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domingo, 27 de outubro de 2013

Quatro Dias

      Eu peguei um papel qualquer aquela noite. Sentei-me ao pé da cama, e pus-me a escrever, tentei não falar sobre você, mas não havia outra coisa em meus pensamentos. Lembro-me que, naquela noite, fazia frio, estava escuro demais, pois não havia lua no céu, e eu estava só. Lembro-me também, que me faltava sono, havia tanta solidão, que sentia falta de mim.
      Adormeci sobre meus escritos naquela noite, acordei envolta neles. Já era manhã, mas ainda estava frio, o sol brilhava mesmo assim. Apenas lavei meu rosto e vesti um casaco antes de ir até o jardim, eu queria estar ali, em meio às flores e aos pássaros que cantavam docemente naquela manhã, estranhamente, a solidão da noite passada já não era tão grande. Entrei em casa, tomei meu café da manhã enquanto, no rádio, tocava alguma música calma, que eu não me recordo agora. Voltei para o meu quarto, a solidão era menor, mas ainda existia, pus-me a escrever, novamente, sobre você, mas parei de repente, pensei: Ele não vai ler! Logo continuei, era mais forte que eu, embora eu quisesse te odiar, meu coração insistia em te amar. Escrevi muitas palavras naquela manhã, algumas eram de ódio, outra de amor, muitas de paixão, e algumas de saudade, e continuava a pensar: Ele não vai ler! Mas eu escrevia sem parar, e foi assim o dia todo. A noite que começava, agora trazia a lua, tão linda, e tão saudosa. Lembro-me do vinho, da música, das flores, das árvores, lembro-me dos ruídos, lembro-me também, de ter visto o sol nascer enquanto escrevia sobre você, e quando o sol chegou, meus olhos pesavam de sono e lágrimas. Adormeci. Quando acordei, ainda atônita, reparei no calendário, dei-me conta de que já haviam se passado quatro dias desde que comecei a escrever, lavei meu rosto e então dei uma olhada em todos os meus escritos, era coisa demais, e a única coisa que eu pensava era: Ele não vai ler!
      A semana de folga havia acabado, voltei ao trabalho, voltei a minha rotina, e todos os dias eu olhava pra tudo o que tinha escrito naqueles quatro dias, eu queria que alguém pudesse ler aquilo, mesmo que não fosse você, enfim. Agora você já sabe que alguém leu.
       Por favor, não me mande resposta, eu prefiro que continues fora da minha vida, apenas lhe envie o livro, por que achei que deverias estar ciente de que foi minha inspiração, mas, não se preocupe, o próximo livro será sobre alguém mais atual em minha vida.


Ps: “Só pra você saber, eu esqueci você" (8’

                                                                   -Dayana Couto


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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Sua Caneta

Então, era isso?
Era assim que as coisas tinham que acontecer?
Não tinha outra opção?
Ou não tentou fazer diferente?
Eu não podia imaginar como tudo aconteceria, eu não saberia lhe dizer o porquê. Esse seu olhar frio, distante, é tão diferente de antes, suas mãos e dedos inquietos, seus passos largos, sem direção, essa raiva que vejo em seus olhos, tudo mudou, agora eu sei. Não me culpe, por favor. Eu também não sou mais a mesma, meu olhar é outro, meus pés não me levam aonde eu quero ir. Eu tinha dentro de mim todos os sonhos do mundo, eu queria fazer tanto, eu tentei. Dizem que tudo acontece quando tem que acontecer, talvez seja assim mesmo, talvez não possamos lutar contra o destino, talvez tudo já esteja escrito. Mesmo assim, prefiro escrever minha história, prefiro escolher meu caminho e ser dona de mim mesma. Muito tempo se passou, muita coisa aconteceu, as coisas mudaram por aqui, você deve ter percebido que não sou mais a mesma, a paisagem mudou, as pessoas mudaram, crianças cresceram, velhos morreram, adultos envelheceram, algumas pessoas se foram, e outras, como eu, continuam aqui no mesmo lugar, diferentes também, mas a espera da mesma coisa.
E você? O que fez esse tempo todo?
Por onde andou? Em que pensou?
Amou? Chorou? Conheceu gente nova?
Continua o mesmo de antes?
Está mais feliz? Mais triste?
Quem é você hoje?
Por que você veio até aqui? Pra me culpar?
Eu te entendo, imagino por que trazes tanta raiva no olhar, fui eu quem escolheu o meu caminho, eu tomei a decisão. Não pense que foi fácil, eu queria que não tivesse sido tão doloroso, mas as coisas acontecem afinal, tudo tem que acontecer, se eu não tomasse a decisão, as coisas mudariam mesmo assim, eu tenho o poder da decisão, mas não posso mudar os fatos passados. Não se culpe, não derrame lágrimas em vão, Eu não sou indiferente ao que sentes, sei como é ter no peito um coração que pulsa rápido demais perto de alguém, é estranho, eu sei, mas é bom também. Sabe, eu imaginei muita coisa durante esses anos todos, eu me perguntava, todos os dias, por onde você andava, eu sonhei com você muitas noites, eu acordei chorando também, eu me abracei imaginando você ali, do meu lado, eu escrevi sabendo que ninguém iria ler.
Mas não importa então, você está aqui pra me culpar não é?
Então faça logo isso, despeje em mim todo esse ódio, toda essa mágoa, cuspa todas essas palavras que durante anos você engoliu, vamos lá, eu sei que foi isso que te trouxe aqui, você veio me dizer como foi infeliz, como chorou, como eu mudei a sua vida por uma escolha errada, não foi pra isso que veio? Então o faça logo e saia. Faça o que tem que fazer, diga o que veio dizer, estilhace-me mais uma vez e vá embora, entenda também a minha dor, e não me torture mais, a cada segundo que se passa, eu olho pra você e vejo o que poderíamos ter vivido e não vivemos. Vá embora, deixe-me só mais uma vez. Fui eu quem fez a escolha, fui eu quem errei, eu assumo, agora vá, eu já paguei pelo meu erro, acredite, eu me arrependo.
Espere, não vá ainda, quero que veja algo antes de ir, não é nada muito importante, mas é algo que quero que leve com você.
Eu guardei esse tempo todo, não sei exatamente por que fiz isso, mas dentro de mim algo dizia que você voltaria e um dia eu poderia lhe devolver. Sua caneta, você a esqueceu naquela noite, lembro-me das cartas e dos poemas que escrevestes com ela, lembro-me das palavras que esta caneta desenhou naquele papel na nossa ultima noite, eu lembro-me também de algumas lágrimas, mas isso não vem ao caso. Aqui está a caneta, pegue-a e, agora sim, pode ir embora, não resta nada mais aqui que lhe pertença. Adeus.
Meu Deus, ainda resta algo dele aqui, ainda tem algo que o pertence, e como dói, como dói saber que ainda não sou dona do meu coração. Como eu queria colorir novamente o meu céu de azul, como me faz falta aquele sorriso iluminando o meu dia. Definitivamente, eu não sou dona do meu caminho, não comando para onde minha vida segue. Ah, como eu queria ser dona de mim mesma, como eu queria mandar nos meus sentimentos, mandar na minha vida, fazer minhas próprias escolhas. Ah meu Deus, se ele soubesse o quanto ainda resta dele aqui, se ele soubesse o quanto ainda o quero, se ele ao menos imaginasse quantas lágrimas eu derramei, se ao menos eu pudesse falar. Maldito seja o dia em que fui condenada a viver sem a sua presença, maldito seja o dia em que fui obrigada a fazer escolhas, malditas sejam as escolhas feitas. Malditas escolhas que me levaram pra longe daqui, pra longe de mim.


Como era de se esperar, a vida continua, o meu coração está dilacerado, isso é ruim, mas eu não posso viver a minha vida toda pensando na dor que sinto. A vida é mais que isso, eu sei que é.

                                                                        -Dayana Couto


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Reencontro

E como sempre, eu lancei minha mão sobre a sua, e acariciei-a, omo se nunca tivesse feito isso, meu coração pulsava mais forte, quase como um tambor, um pulsar diferente que me enchia o peito e, roubava-me o ar. Pulsava num descompasso, que até me deixava aflita, pois não era algo controlável. Então me aproximei de ti a ponto de sentir o doce perfume de seus cabelos contra o vento, lancei meu olhar no teu, aqueles olhos negros, cor da noite, eram como um abismo no qual eu me lançava consciente de que não sairia mais, a minha mão deslizou em seu rosto, e a cada linha que meus dedos tocavam, sentia dentro de meu corpo muita coisa acontecer, por mais que eu tentasse lutar contra isso, era inútil, eu não tinha forças o suficiente para vencer todos esses sentimentos, Senti-me tão fraca, mas tão protegida por estar em teus braços novamente. Sei que deveria ser forte, mas não há força no mundo que me faça esquecer tudo, cada momento ficou guardado, cada centímetro do meu corpo sabe onde encontrar cada centímetro do seu. O que é bom não acaba, transforma- se!

                                                                              Dayana Couto


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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Um Caso ao Acaso

 O amor que eu tinha por você nem era tão grande, era real, mas passageiro, ou pelo menos eu achava que fosse. Senti dentro de mim algo nascer e me invadir, e invadiu sem pedir licença, adentrou em meu coração e trouxe o caos, daquele momento em diante eu não tive paz. No momento em que você entrou por aquela porta, foi ali que tudo começou, foi no instante em que meus olhos avistaram os seus.
Não, isso não é uma história de amor, ou talvez seja, bem, seja como for, é uma história apenas, não é conto de fadas, mas também não é real, pelo menos não pra mim.
 Era um dia lindo. Um dia de verão, uma brisa suave que combinava com o sol majestoso no céu, não havia nada de diferente, eu estava em casa, zapeando os canais da TV. Alguém bateu a porta, abri, era um moço jovem, forte, moreno e alto, usava uma calça jeans, uma camiseta branca, e uma jaqueta preta, trazia uma pizza na mão.
-Foi daqui que pediram uma pizza? Calabresa? – Disse o rapaz.
Eu perdi o fôlego por alguns segundos, mas logo me recompus.
-Sim, só um instante.
 Entrei, fui até a mesa da cozinha, peguei o dinheiro e retornei a sala onde o entregador me esperava com a pizza, como já era de se esperar, meus olhos me traíram e me peguei observando o rapaz.
-Obrigada! – respondi, paguei, e o rapaz foi embora com um sorriso que circulou em meus sonhos a noite toda.
Sentei no meu sofá e assisti a um filme- (que não me recordo o nome) estranhamente, o sorriso do entregador não saiu da minha cabeça.
Bem, eu tinha coisas a fazer, então, tratei de me concentrar em algo que não fosse o entregador de pizzas. As novas mensagens na minha caixa de entrada se encarregaram disso. Alguns emails importantes, outros nem tanto. Terminei de escrever no meu blog- Ah, é, eu me esqueci de mencionar que tenho um blog, não é muito interessante, mas tem alguns seguidores- então fui dormir, meu dia começaria cedo e tinha tanta coisa pra fazer; que me custaria saber por onde começar.
Amanheceu, e como sempre, tomei meu banho, comi algo, escovei os dentes e sai. Eu estava atrasada, pra falar a verdade, bem atrasada, mas isso era quase rotina. Peguei o carro e sai, confesso que corri um pouco mais do que de costume, felizmente, cheguei inteira no trabalho.
Então, não foi um dia muito interessante, as muitas coisas que tinha para fazer eram as de sempre, e me tomaram todo o dia. Enfim, as 18h30minh eu larguei, era sexta e eu não tinha companhia (o que não é novidade), passei no mercado, comprei algumas porcarias para comer, peguei um vinho também, a noite seria longa.
Cheguei a minha casa e a primeira coisa que fiz foi retirar meus sapatos e jogá-los em qualquer lugar, sim, esses sapatos me incomodam muito. Fui até meu quarto, liguei o som, estava tocando uma música melancólica da qual eu não lembro muito bem, mas enfim, tomei meu banho e vesti aquela velha calça do moletom, uma camiseta branca feia e confortável, e por fim as meias, quentes, que se encarregariam de aquecer meus pés.
Fui até a cozinha, pensei em cozinhar algo, mas eu estava realmente cansada, então, lembrei-me de certo moreno, alto, com um sorriso lindo, é claro que eu pedi pizza.
Estava à espera da pizza, quando tocaram a companhia, e só nesse momento eu me dei conta de que estava vestindo o meu moletom velho e aquela camiseta horrível, vocês não sabem o quanto uma mulher pode ser rápida ao trocar de roupa.
Subi para o quarto, vesti qualquer outra roupa que fosse menos horrível do que a que estava vestindo e voltei para atender a porta.
-Olá, boa noite- Disse ele com a pizza na mão, sim, era o mesmo moreno lindo que estava na minha frente.
-Boa noite, obrigada!- Paguei a pizza enquanto o observava indiscretamente.
-Tenha uma boa noite, senhora!- E com essas palavras, ele foi embora.
Ok, é meio estranho se apaixonar pelo sorriso do entregador de pizzas, mas nada precisa fazer sentido. Mas admito que essa situação já estava ficando bizarra, eu não sabia sequer o seu nome, no entanto, inevitavelmente, eu pedi pizza na noite seguinte.
Então era sábado, e eu não tinha planos, resolvi sair de casa, dar uma volta, fazer qualquer coisa, menos ficar em casa. Fui até a praia, andei um pouco, tomei uma água de coco e voltei para o meu carro, ainda não queria ir para casa, mas também já não queria ficar na praia, Então, segui sem destino, avistei um barzinho, não costumava beber, mas talvez, houvesse algo interessante ali. Entrei, pedi algo para comer e um refrigerante. Não passei muito tempo ali, entrei no meu carro e voltei para casa, estava um pouco entediada, resolvi escrever no meu blog, quando percebi, já era noite, estava com fome e resolvi cozinhar alguma coisa, dessa vez eu não estava tão cansada, cozinhei macarrão, minha especialidade.
Eu até pensei em comer o macarrão, mas meu subconsciente repetia a mesma palavra há horas: Pizza!
Não demorou muito para que alguém batesse a porta trazendo nas mãos uma pizza e nos lábios um lindo sorriso. Abri a porta, e ele estava mais bonito que das outras vezes. Oh meu Deus, eu quase não pude disfarçar o meu olhar cobiçador. Tentei ser natural, acho que não deu muito certo.
-Olá!- Disse eu enquanto lhe entregava o dinheiro e sorria sem conseguir disfarçar.
-Boa noite, aqui está sua pizza!- Nesse momento meus olhos já me traiam enquanto devoravam aqueles lábios em pensamento.
- Obrigada! – paguei, e ele já estava indo embora quando eu resolvi lhe perguntar o seu nome- Qual o seu nome? - falei com um sorriso cheio de vergonha.
-Kaike- Ele respondeu surpreso, e meio assustado, eu acho, mas logo me devolveu a pergunta- E o seu é? – disse ele com aquele sorriso lindo novamente.
-Elisa. Pode me chamar de Lisa, eu prefiro- Respondi com um sorriso largo no rosto, e resolvi lhe fazer mais perguntas- Já é bem tarde, ainda tem muitas entregas pra fazer?
-Não, na verdade, essa é minha ultima entrega.
-Ah, não quer comer essa pizza comigo? Não terei com quem dividi-la mesmo- Disse isso com um olhar um tanto cobiçador, e mordi os lábios sem perceber, quando me dei conta do qanto insinuativa eu estava sendo, fiquei envergonhada, mas esperei pela resposta ansiosa mesmo assim.
-É, pode ser uma boa ideia. Você tem certeza de que quer dividir a pizza comigo?- Sua pergunta me fez imaginar algumas coisas que prefiro não comentar aqui, então, me detive apenas a responder a pergunta.
-Claro, detesto comer sozinha!- Acho que não consegui disfarçar o meu nervosismo.
Entramos em casa, falei pra que sentasse e ficasse a vontade, fui até a cozinha e busquei uma garrafa de vinho- Gosta de vinho?- Perguntei.
-Ah, claro, muito!- ele respondeu.
Então trouxe duas taças, e sentamos no chão da sala, por um instante nossos olhares se cruzaram e foi o bastante pra me deixar atrapalhada.
-Então, você sempre pede pizza não é?- Ele perguntou com um pequeno riso no canto da boca, foi um sorriso meio irônico, acredito.
-Ah, pelo menos nas ultimas semanas!- Respondi meio sem graça e intimidada por seu olhar intenso.
-Hum, interessante!- Ok, nesse momento a atmosfera mudou completamente dentro daquela sala, meu coração acelerou, minhas pernas tremiam e agradeci por estar sentada, tomei um longo gole de vinho, e ele fez o mesmo.
Levantei-me para trocar a musica que estava tocando, e quando me sentei novamente, percebi o quanto estávamos próximos, eu podia sentir o calor do seu lindo corpo, e isso me deixou nervosa. Ele se aproximou, e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha-Ok eu não estava preparada para isso- aquele deus grego, moreno, alto, dono do sorriso mais perfeito que eu conheço, agora estava tentadoramente perto demais, e quando me dei conta, nossos lábios já estavam repousando um sobre o outro. Um beijo quente, macio, ardente.
Oh, não consigo descrever com palavras o que senti naquele momento, ele era lindo, e estava ali, tão perto, tão intimo, e eu simplesmente me encaixei em seus braços e me permiti sentir. Quando o beijo acabou, estávamos próximos demais, e eu apenas podia ver o seu rosto e sentir sua respiração.
-Você é linda!- Ele disse isso enquanto me plantava um longo beijo na nuca.
Não é difícil imaginar os arrepios que percorriam o meu corpo nesse momento, mas não entrarei em maiores detalhes.  Quando me dei conta, estava perdida no corpo daquele homem que eu apenas sabia o nome e nada mais.
De repente, uma luz muito forte invade o meu quarto, isto me incomoda, abro os olhos com dificuldade devido a claridade, me viro na intenção de fitar o meu lindo deus grego dormindo e para minha surpresa, não havia ninguém na cama, além de mim.
Levantei meio atônica, andei pela casa, fui até a cozinha, não havia pizza, não havia vinho, e nem havia moreno alto nenhum, a tristeza pairou sobre mim nesse instante.
-Dormiu bem?- Tomei um susto ao ouvir isso, e quando virei, avistei minha amiga Isabelly na sala.
-O que você está fazendo aqui?- Cuspi essa pergunta assim, sem ao menos dizer bom dia.
- Ok senhorita, acho que você bebeu vinho demais ontem a noite, você me ligou chorando, desesperada, dizendo que o entregador de pizzas tinha ido embora, eu não entendi nada, então resolvi vir até aqui ver o que estava acontecendo, você não estava muito bem, na verdade, você estava bêbada, te dei um banho, e você dormiu, como já era tarde, fiquei por aqui mesmo, caso você surtasse novamente
-Então, eu bebi demais, liguei pra você chorando e falando besteira e você veio até aqui e cuidou de mim? Foi isso que aconteceu? Tem certeza?
-Claro que tenho, mas estou curiosa pra saber quem é o entregador de pizzas, você não parava de falar nele- Enquanto ela despejava essas palavras sobre meus ouvidos, fui me dando conta do que havia acontecido, isso mesmo, eu estava tão obsecada pelo tal entregador, que devo ter sonhado com ele, foi impossível não ficar triste.
- Oh, não é ninguém, eu devia estar sonhando- Disse isso afim de que ela esquecesse o assunto.
- Se você está dizendo que não é ninguém, eu posso fingir que acredito. Então, eu tenho que ir, tenho algumas coisas para fazer, se precisar é só ligar, beijos e vê se não chega perto de nenhum vinho, por favor.
Não é possível que eu tenha sonhado com tudo aquilo, mas que droga. Resolvi tomar um banho, ainda meio confusa, liguei o som sem prestar atenção na música que tocava. Vesti um velho short jeans e uma camiseta, fui até a sala, liguei a TV e sentei no sofá, reparei que havia um papel em cima da mesinha da sala, peguei-o, e nele estava escrito:
-Você é bem divertida senhorita Lisa, amei ter dividido aquela pizza com você, o vinho estava muito bom também. Acho que você bebeu alguns copos a mais, estava um pouco tonta e acabou adormecendo, levei você pro quarto, arrumei a bagunça que fizemos na sala e depois fui embora. Beijos, Kaike (o entregador de pizzas).

                                                                                                                           -Dayana Couto





segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Tinha uma Curva no Meio do Caminho


É que no caminho tinha uma curva,
Não era uma pedra, mas era uma curva,
Não me derrubou, mas tentou,
Não era um obstáculo, era apenas um desvio,
Um desvio curto que me levaria longe,
Talvez longe de mim, talvez longe do fim,
Mas me levaria onde eu não tinha estado ainda,
Entrei na curva então,
É verdade que não era uma pedra, mas tropecei algumas vezes,
Certa vez até cai, mas não demorei pra retornar a caminhada,
Eu quis tanto chegar até onde a curva me levaria
Que acabei esquecendo pra onde ia.
                                                                                                         (D.Couto)